Na CEUACA a ditadura militar não acabou!
Fortalecer a solidariedade externa!
O movimento Aparício Cora Vive em defesa da CEUACA existe há menos de um mês e já é objeto de um encarniçado ódio da direção burocrática da casa e das forças governamentais e privadas que almejam controlá-la. O nosso manifesto sofreu os mais duros ataques dos atuais dirigentes da CEUACA, mas suas palavras infelizmente se confirmam a cada dia que passa.
Os tribunais da santa inquisição e os porões do DOPS (órgão da ditadura militar) estão renascendo dentro da nossa casa com uma “nova cara”. Moradores estão sendo colocados contra a parede. Ameaças histéricas são ouvidas por todos os lados. Os simpatizantes e amigos do nosso movimento passam por um interrogatório que não deixa inveja aos delegados e militares dos anos de chumbo. Como a tortura física ainda não é legalizada, investem todas as suas energias na tortura psicológica. Muitos estrangeiros são intimidados pessoal e juridicamente. Muitos estudantes carentes – que não tem outra opção para morar – são chantageados pela burocracia estudantil dirigente.
Esta repressão interna é um reflexo de nossas denúncias. Como não podem respondê-las e esclarecê-las, só lhes resta a violência, a confusão, os ataques morais. Junto com esta repressão foi lançado pela direção inúmeras calúnias contra o nosso movimento, além de novas “informações” que seriam pra esclarecer os moradores, mas que, na realidade, apenas aumentam a confusão e preparam as bases para entregar a casa. Sendo assim, exigimos da direção alguns esclarecimentos e a imediata mudança de postura:
- A direção e seus comparsas alegam que não se trata de entregar a casa para a iniciativa privada, mas apenas de uma reforma temporária; frente a isso exigimos que a direção apresente documentos que comprovem a reforma, o processo, o nome dos arquitetos, engenheiros responsáveis e registro no CREA, realizem uma assembleia de esclarecimentos para todos moradores da casa que conte com observadores da comunidade estudantil e dos movimentos sociais, com DCEs, DAs, grêmios estudantis, sindicatos, associações etc. Nesta assembleia a direção deve esclarecer aos moradores e a comunidade quando a reforma começa, quando ela acaba, onde e quando ocorrem as reuniões com os responsáveis por ela. É a possibilidade que a direção tem de mostrar a todos os moradores que realiza assembleias transparentes e amplamente convocadas (com no mínimo 48h de antecedência e, também, via e-mail). Colocamos este blog, que é acessado por todos os moradores, à disposição da sua convocatória.
- A direção diz que a casa está bem administrada e que o nosso movimento não apresenta nenhuma “proposta de melhoria”; que “bela administração” é essa que tranca a cozinha, o salão social, a sala de TV e deixa seus moradores sem acesso a esses espaços, que deixa os encanamentos da lavanderia entupida ao invés de organizar campanhas financeiras para comprarem máquinas de lavar? Se a direção realmente administra a casa em prol do bem comum – como dizem seus defensores - deve permitir o acesso aos espaços da casa, providenciar o desentupimento imediato dos encanamentos e fomentar atividades para arrecadar dinheiro para comprarmos máquinas de lavar coletivas.
- Pela imediata retirada dos processos judiciais contra os estudantes estrangeiros! Defesa incondicional dos nossos irmãos estrangeiros! Contra o racismo a que a maioria deles estão submetidos.
- Pelo fim imediato das ameaças e da repressão interna aos moradores! Qualquer ameaça, agressão verbal e psicológica aos moradores serão denunciadas aqui e para todo o movimento estudantil e movimentos sociais.
- Pela imediata realização das exigências do nosso manifesto: fim das negociações de bastidores com o governo; democratização das coordenações internas; por assembleias amplas, melhor organizadas e convocadas com 48h de antecedência; contra os critérios excludentes de seleção de novos moradores.
Se a direção da casa realizar todas estas exigências dará provas de que realmente “está preocupada com o bem coletivo” e que “cumpre o estatuto da CEUACA”. Caso contrário, todos aqueles que não são dirigentes e, hoje, defendem a direção, passam a ser seus cúmplices na entrega da casa ao domínio privado.