História da CEUACA

Aparício  Cora de Almeida


História da Casa


A história de nossa Casa do Estudante remonta a década de 30. A idéia de construir uma Casa para abrigar estudantes carentes fazia parte de um movimento que tinha pretensões mais amplas. Por ser de cunho socialista, esse movimento propunha uma transformação profunda da realidade brasileira. Uma das principais frentes de luta era a moradia estudantil.

      Por esse motivo, em primeiro de agosto de 1934, os estudantes da Faculdade de Direito de Porto Alegre se organizaram e fundaram a “Casa do Estudante”. A referida instituição não tinha sede própria. Utilizava-se dos mais diversos espaços, os quais, muitas vezes, inadequados. Com a morte de seu filho Aparício, em 1935, Israel Almeida e Maria Antônia Cora doam o prédio do antigo Edifício Almeida ao Estado para que ali fosse construída a Casa do Estudante do Rio Grande do Sul.

No início, a Casa tinha a capacidade para 70 moradores. Na década de 50, construiu-se o terceiro andar, bem como a estrutura do R.U., da lavanderia e do salão social. Assim, a instituição tem sua capacidade de atendimento aumentada, passando a atender cerca de 100 moradores. Em 1959, é reconhecida como uma entidade de utilidade pública estadual, ato efetuado pelo então governador do Estado, Leonel Brizola. O nome de Casa de Estudante Aparício Cora de Almeida (CEUACA) lhe é dado em 1961, um ano depois, ela é reconhecida como Utilidade Pública Federal.

      De 1964 até o final da década de 70, a CEUACA se viu diante de uma intervenção federal. Um interventor nomeado pelo Governo Militar acompanhava as reuniões e assembléias dos estudantes, efetuando trocas de direções e expulsão de moradores. Porém a resistência foi grande. Este foi também um período de intensa atividade do Movimento Estudantil, com um elevado número de manifestações, passeatas e protestos, exigindo o fim da Ditadura Militar.

      Os anos 80 trouxeram uma modificação importante no comportamento da Casa, pois as mulheres passaram a ser aceitas como moradoras. Nessa década, deu-se também o processo de reabertura política e a luta pelas eleições diretas para presidente.

      Nos anos 90, o país passou por uma série de mudanças que modificaram as diretrizes e a forma de atuação do estado em várias áreas, incluindo na educação. As verbas destinadas à assistência estudantil tornaram-se cada vez menores. Em nossa Casa, o principal reflexo destas mudanças foram os cortes da verba que mantinha o R.U. e os demais serviços que eram oferecidos.


A figura de Aparício Cora de Almeida é bastante importante na história do surgimento da CEUACA. Nascido em Quaraí, em 1906, ainda criança, passou a morar com seus pais em Carazinho, vindo a se transferir para a Capital gaúcha, onde cursou Direito na Faculdade de Direito de Porto Alegre, no ano de 1923.
      Foi um destacado líder estudantil, desencadeando junto com outros colegas, uma grande campanha em prol da assistência social aos estudantes universitários carentes.
      Após concluir o curso em 1931, engajou-se na vida política. Em julho de 1935, torna-se o primeiro secretário da Aliança Nacional Libertadora (ANL) no Rio Grande do Sul. Na presidência da ANL, ficaram o escritor Dionélio Machado (Os Ratos) e na vice –presidência, o capitão Agildo Barata. Em virtude da oposição que exercia ao governo de Getúlio Vargas durante o Estado Novo, esta entidade, em pouco tempo, foi sufocada pela repressão policial do Governo de Flores da Cunha.
      Em 13 de outubro de 1935, o jovem advogado Aparício foi encontrado morto com um tiro na cabeça, em um bar nos arredores de Porto Alegre. Sua morte esteve envolta em circunstâncias misteriosas e que ainda hoje não foram esclarecidas. Alguns defendem a tese do acidente ou suicídio, outros falam em assassinato. Não temos dados suficientes para afirmar o que realmente aconteceu. O certo é que em virtude de sua morte, seus pais Israel Almeida e Maria Antônia Cora de Almeida doaram em 1944, o prédio do antigo Edifício Almeida, situado na Rua Riachuelo, 1355, para que fosse construída no local, uma casa para abrigar os estudantes universitários carentes, vindos do interior. Assim, foi criada a Casa do Estudante do Rio Grande do Sul.
      Em 09 de agosto de 1961, o nome da casa é alterado para Casa do Estudante Universitário Aparício Cora de Almeida (CEUACA). Uma homenagem a este mártir do movimento estudantil que muito lutou pela assistência social aos estudantes universitários carentes.