domingo, 7 de agosto de 2011

Na CEUACA a ditadura militar não acabou! 
Fortalecer a solidariedade externa!

            O movimento Aparício Cora Vive em defesa da CEUACA existe há menos de um mês e já é objeto de um encarniçado ódio da direção burocrática da casa e das forças governamentais e privadas que almejam controlá-la. O nosso manifesto sofreu os mais duros ataques dos atuais dirigentes da CEUACA, mas suas palavras infelizmente se confirmam a cada dia que passa.
            Os tribunais da santa inquisição e os porões do DOPS (órgão da ditadura militar) estão renascendo dentro da nossa casa com uma “nova cara”. Moradores estão sendo colocados contra a parede. Ameaças histéricas são ouvidas por todos os lados. Os simpatizantes e amigos do nosso movimento passam por um interrogatório que não deixa inveja aos delegados e militares dos anos de chumbo. Como a tortura física ainda não é legalizada, investem todas as suas energias na tortura psicológica. Muitos estrangeiros são intimidados pessoal e juridicamente. Muitos estudantes carentes – que não tem outra opção para morar – são chantageados pela burocracia estudantil dirigente.
            Esta repressão interna é um reflexo de nossas denúncias. Como não podem respondê-las e esclarecê-las, só lhes resta a violência, a confusão, os ataques morais. Junto com esta repressão foi lançado pela direção inúmeras calúnias contra o nosso movimento, além de novas “informações” que seriam pra esclarecer os moradores, mas que, na realidade, apenas aumentam a confusão e preparam as bases para entregar a casa. Sendo assim, exigimos da direção alguns esclarecimentos e a imediata mudança de postura:
- A direção e seus comparsas alegam que não se trata de entregar a casa para a iniciativa privada, mas apenas de uma reforma temporária; frente a isso exigimos que a direção apresente documentos que comprovem a reforma, o processo, o nome dos arquitetos, engenheiros responsáveis e registro no CREA, realizem uma assembleia de esclarecimentos para todos moradores da casa que conte com observadores da comunidade estudantil e dos movimentos sociais, com DCEs, DAs, grêmios estudantis, sindicatos, associações etc. Nesta assembleia a direção deve esclarecer aos moradores e a comunidade quando a reforma começa, quando ela acaba, onde e quando ocorrem as reuniões com os responsáveis por ela. É a possibilidade que a direção tem de mostrar a todos os moradores que realiza assembleias transparentes e amplamente convocadas (com no mínimo 48h de antecedência e, também, via e-mail). Colocamos este blog, que é acessado por todos os moradores, à disposição da sua convocatória.
- A direção diz que a casa está bem administrada e que o nosso movimento não apresenta nenhuma “proposta de melhoria”; que “bela administração” é essa que tranca a cozinha, o salão social, a sala de TV e deixa seus moradores sem acesso a esses espaços, que deixa os encanamentos da lavanderia entupida ao invés de organizar campanhas financeiras para comprarem máquinas de lavar? Se a direção realmente administra a casa em prol do bem comum – como dizem seus defensores - deve permitir o acesso aos espaços da casa, providenciar o  desentupimento imediato dos encanamentos e fomentar atividades para arrecadar dinheiro para comprarmos máquinas de lavar coletivas.
- Pela imediata retirada dos processos judiciais contra os estudantes estrangeiros! Defesa incondicional dos nossos irmãos estrangeiros! Contra o racismo a que a maioria deles estão submetidos.
- Pelo fim imediato das ameaças e da repressão interna aos moradores! Qualquer ameaça, agressão verbal e psicológica aos moradores serão denunciadas aqui e para todo o movimento estudantil e movimentos sociais.
- Pela imediata realização das exigências do nosso manifesto: fim das negociações de bastidores com o governo; democratização das coordenações internas; por assembleias amplas, melhor organizadas e convocadas com 48h de antecedência; contra os critérios excludentes de seleção de novos moradores.
            Se a direção da casa realizar todas estas exigências dará provas de que realmente “está preocupada com o bem coletivo” e que “cumpre o estatuto da CEUACA”. Caso contrário, todos aqueles que não são dirigentes e, hoje, defendem a direção, passam a ser seus cúmplices na entrega da casa ao domínio privado.


quinta-feira, 28 de julho de 2011

Esvaziar pela fome...


Na manhã seguinte da assembleia do dia 8 de julho a cozinha da CEUACA amanheceu acorrentada (foto) e permaneceu assim por mais de uma semana. Com a desculpa esfarrapada de que não poderíamos acessar o salão social para fazer festas, a direção da CEUACA matou dois coelhos com uma cajadada só: impediu o acesso à cozinha e a possibilidade de realizarmos reuniões. Por parte da direção não houve aviso prévio algum. Os moradores é que arranjassem onde comer! O bilhete que está afixado na porta diz que a cozinha e o salão social ficariam fechados "temporariamente", mas isso não era verdade. A cozinha só foi reaberta porque o cadeado foi violado, caso contrário, o "temporariamente" se tornaria o tempo suficiente para a desocupação total da casa.

Como a direção de uma casa de estudantes - que é um ambiente coletivo por natureza - pode proceder desta forma? A única resposta a esta pergunta é a que diz que a diretoria está empanhada no esvaziamento da casa. Da forma mais autoritária, fecha a cozinha, mantém o monopólio das principais informações, se preocupa apenas em cobrar o estatuto dos moradores, mas, quando se trata dela própria, vale a máxima de Luis XIV: "O estatuto sou eu". Quando há necessidades de arrecadação financeira através da realização de festas, a direção da casa, por meio do departamento cultural, convoca amplamente os moradores, batendo de porta em porta, avisando por e-mail e investindo no coletivo. Mas tudo muda quando se trata de uma assembleia geral para tratar de assuntos relevantes como a desocupação da casa. Nestes episódios a direção muda completamente a postura, colocando apenas meia folha A4 no mural, sem pauta e sem maiores esclarecimentos. Não podemos permitir que uma direção como esta permaneça à frente da CEUACA tomando decisões em benefício próprio em detrimento da coletividade.

sexta-feira, 22 de julho de 2011


Manifesto em defesa da CEUACA

Somos estudantes e moradores da Casa do Estudante Universitário Aparício Cora de Almeida (CEUACA), a Casa de Estudante mais antiga de Porto Alegre. Aparício Cora de Almeida foi um ativista do movimento estudantil que pagou com sua vida para que hoje nós pudéssemos estar aqui e é mais do que justo continuarmos a luta desse militante tão ativo na causa estudantil. Esta casa, que foi uma conquista do movimento estudantil combativo, surgiu com o intuito de continuar a luta estudantil, para que tivéssemos um ponto de referência e abrigo para expor nossas ideias, projetos e atividades sociais não só para os moradores, mas também para a comunidade. Com este Manifesto queremos ressaltar a importância dessa casa na vida dos estudantes universitários carentes do Brasil e de outros países, e denunciar o ataque que ela está prestes a sofrer. 
            A CEUACA passa por uma grande ameaça: a remoção dos estudantes da casa e sua possível transformação em um domínio privado. Sabemos que este processo está sendo encabeçado pelo Ministério Público (MP), e que a remoção está sendo facilitada apressadamente pelo Governo do Estado, MP e, inclusive, pela própria direção da casa, que não organiza resistência alguma e controla todas as principais informações, mantendo-as em segredo.
Está claro que há interesses obscuros nessa remoção dos estudantes da casa. Sabemos que em Porto Alegre estão acontecendo várias expropriações de comunidades de baixa ou nenhuma renda do entorno do centro histórico e a nossa casa está em um local privilegiado, sendo alvo da cobiça das empreiteiras.

Precisamos resistir!
No semestre anterior o governo tinha outra proposta que era de doar o prédio para os estudantes. Neste semestre a situação mudou: pediram a reintegração de posse do prédio justamente num momento em que acompanhamos na grande mídia inúmeros casos de corrupção envolvendo as empreiteiras e os seus interesses “sigilosos”, sempre atendidos pelos governos de plantão. O agravante é que a direção da casa está trabalhando no sentido de entregar a casa: passa informações confusas aos moradores, não convoca com antecedência e amplamente às assembleias, controla as principais comissões internas e não deixa espaço para os estudantes da base. Como se tudo isso não bastasse, já aceitou a ideia de irmos para uma “nova moradia” que fica na zona norte de Porto Alegre que, além de ficar numa localidade de difícil acesso, os moradores seriam amontoados em 5 quartos para  80 estudantes que somos atualmente,ou seja ficaremos em 16 estudantes por quarto acabando com a privacidade e sem ter sistema de lavanderia, cozinhas e banheiros suficientes que hoje dispomos.
Pequenos fatos demonstram que a direção da casa está empenhada no despejo dos estudantes e na entrega da casa: a porta que dá acesso para cozinha da casa foi ditatorialmente fechada com cadeado, deixando os moradores sem a possibilidade de cozinhar no coletivo da CEUACA. A explicação para o fechamento da porta é para que os moradores não tenham acesso ao salão social para que não façam as suas Confraternizações e Reuniões, mas o fato concreto é que impossibilita os estudantes de utilizarem um espaço coletivo, que seria uma opção mais econômica.
            É por essas e por outras que dizemos que a direção da CEUACA está a favor do governo e contra os estudantes. A sua continuidade à frente da casa significa o seu fim. Frente a esta realidade, o movimento em defesa da CEUACA exige:
- Fim das negociações de bastidores com o governo! Pela formação de um comitê de base dos moradores que participe das negociações com o governo junto à direção!
- Imediata reabertura da cozinha para que possamos cozinhar coletivamente!
- Democratização das coordenações internas, em especial a jurídica e da mídia. Destituição imediata dos coordenadores que não se submetem a votação da maioria e eleição de novos.
- Por assembleias amplas, melhor organizadas e convocadas com 48h de antecedência.
- Contra os critérios excludentes de seleção de novos moradores: abrir a casa aos estudantes carentes e aos estrangeiros.
- Em defesa da CEUACA! Contra o despejo, construir a resistência! Contra a direção burocrática que está no comando da casa. Pela construção de uma nova direção!

       Precisamos de ajuda e queremos com este manifesto construir um grande movimento de resistência e de defesa da CEUACA! Convocamos todos os moradores da casa, os estudantes, os diretórios centrais de estudantes (DCEs), os diretórios acadêmicos (DAs), os grêmios estudantis, os movimentos sociais e os sindicatos a nos ajudarem na construção dessa resistência!

Desde já agradecemos!
 Estudantes da CEUACA que compõem o Movimento Aparício Cora de Almeida vive!

“A arma mais poderosa nas mãos do opressor é a mente do oprimido.” Steve Biko